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Azul mantém interesse na consolidação

7 jun, 2021 | Fusões e Aquisições, Recuperação Judicial

Compra da Latam depende de acordo com seus credores e na Gol a família Constantino diria ‘não’

Fonte: Valor Econômico – 04/06/2021.

O mês de junho começou com a expectativa pelo desenrolar da disputa entre Azul e o chileno Latam Group acerca de uma possível consolidação no Brasil. Os chilenos têm até o dia 30 para apresentar seu plano de recuperação judicial. Apesar de o CEO do Latam Group, Roberto Alvo, ter dito há poucos dias que a companhia controlada pela família Cueto não está à venda, a Azul segue com seu plano. Caso não tenha sucesso, tratativas com a Gol seriam uma opção.

Mesmo com as sinalizações nos bastidores de que conversas com a Gol poderiam ganhar corpo, o Valor apurou que os Constantino, controladores da Gol, não têm intenção de vender a companhia.

Especialistas e fontes do setor, em conversas com o Valor, começaram a demonstrar certo ceticismo com o negócio envolvendo a Latam, após a Azul ter saído de uma negociação direta com o grupo e passado a tentar angariar apoio junto a credores da Latam, desenhando uma aquisição hostil. Mesmo assim, movimentos de consolidação são apontados como uma saída eficaz para a crise atual, provocada pela pandemia, pois trazem forte sinergia em um momento de caixa mais apertado e demanda enfraquecida.

A Azul registrou, no primeiro trimestre, uma queda de 34,9% na receita líquida diante da pandemia, para R$ 1,8 bilhão, ainda com os impactos da pandemia. O prejuízo líquido foi de R$ 2,65 bilhões, recuou nas perdas de 56,8% na comparação anual. A dívida líquida da empresa, desconsiderando as debêntures conversíveis, é de R$ 14,97 bilhões, crescimento de 22% na comparação com o quarto trimestre de 2020.

Já a Gol teve queda de 50,2% na receita líquida no primeiro trimestre, para R$ 1,6 bilhão. O prejuízo líquido saltou 10,8% na comparação anual, para R$ 2,5 bilhões. Enquanto isso, a dívida líquida saltou 14,1% no primeiro trimestre deste ano contra o encerramento do ano passado, para R$ 14,8 bilhões.

Um dos números que mais diferem Azul de Gol é a dívida com arrendamentos de aviões. Na Azul, esse valor entra no balanço como R$ 14,1 bilhões, entretanto há outros R$ 15,4 bilhões que ficam de fora da contas devido a regras impostas pela norma internacional IFRS-16, que alteraram a forma que arrendamentos e aluguéis entram no balanço, passando a figurar como direito de uso e como um ativo. Considerando o valor, o total de arrendamentos da Azul é de R$ 29,5 bilhões. Na Gol, o valor presente do arrendamento é de R$ 8,58 bilhões, ao passo que o valor total é de R$ 11,9 bilhões.

Segundo analistas, a diferença nessa conta reflete em parte a taxa usada pelas empresas para trazer a dívida a valor presente. No caso da Azul, essa taxa saltou de 8% antes da pandemia para 22% agora – quanto maior a taxa de desconto, menor o valor do arrendamento no passivo da empresa. Na Gol, essa taxa foi de 8,6% para 12,06%.

Segundo a Azul, ajuste é uma regra dos balanços. “A regra diz que eu não posso comparar o valor presente com o nominal”, explicando que é necessário puxar a dívida total para o presente, descontando os juros. O valor final do arrendamento é influenciado, além da taxa, pelo tempo ainda pela frente de aluguel.

Para alterar os percentuais, a regra exige que os contratos de arrendamentos sejam recalculados, o que aconteceu na pandemia e justificou a mudança nas taxas. A Azul atualmente mantém conversas com empresas de leasing para continuar atravessando a crise, mas o executivo explicou que as negociações englobam postergação dos valores do presente para um futuro próximo, o que não justificaria recalcular a dívida.

Já a Gol, em nota, disse que a taxa de desconto reflete os custos de captação da companhia, que subiram durante a pandemia e agora se estabilizaram. “Os contratos renegociados de arrendamento são registrados de acordo com o período de sua renegociação e portanto, refletem também as taxas de desconto da época”, informou a companhia.

Em recuperação judicial, a Latam conseguiu um reforço no seu caixa importante ao levantar, via DIP (“debtor in possession”), US$ 2,45 bilhões com credores e acionistas, que vão ter preferência quando o grupo começar a pagar suas dívidas.

Há poucos dias, diante da forte volatilidade do mercado e das movimentações da Azul nos bastidores, o CEO da Latam Group, Roberto Alvo, negou a venda da companhia.

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