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Aviação inicia retomada no exterior, mas aéreas do Brasil enfrentam desafio maior

21 jun, 2021 | Finanças

Fonte: O Globo – 20/06/2021.

RIO- Na última semana, o movimento diário de pessoas que passaram pelos pontos de checagem de segurança dos aeroportos americanos voltou ao patamar pré-pandemia, segundo dados da Administração de Segurança de Transportes dos Estados Unidos, onde mais da metade da população já recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid. As aéreas do país recuperaram o fluxo de passageiros doméstico e avançam com fôlego em direção à etapa seguinte: viagens internacionais.

A American Airlines, por exemplo, já restabeleceu 96% da oferta nacional, ante 2019. No internacional, bateu os 80%. No Brasil também há avanço, embora o país esteja em etapa anterior nessa recuperação. As aéreas nacionais já têm ao menos metade de sua oferta de 2019 reativada. Começa agora o desafio do internacional. Com números de casos de Covid e óbitos ainda altos, apesar do avanço da vacinação, o Brasil está limitado por barreiras sanitárias em diversos países, como EUA, França e Espanha.

Aéreas europeias e americanas já recompõem suas malhas no exterior. A American soma 16 frequências ligando Brasil e EUA por semana. Em outubro, subirá a 35, aproximando-se das 42 que tinha antes da Covid. A portuguesa TAP alcançou 30 voos semanais, ante 80 no pré-pandemia. As rotas foram reativadas em sete das 11 cidades do país onde a empresa opera.

Caribe em alta

Também as brasileiras se planejam. A Latam — que liderava o fluxo internacional no Brasil e recuou à terceira posição com a Covid — mantém voos para 11 de seus 26 destinos no exterior, incluindo Madri e Frankfurt, apoiada principalmente no movimento de carga. Em julho, retoma a linha para Paris, e este mês iniciou a rota para Cancún, de olho nos brasileiros em busca de algum destino que os aceite no exterior ou que precisam cumprir quarentena para ingressar nos EUA. A Gol já anunciou que em novembro retoma o internacional, com voos para Cancún e Punta Cana.

O gatilho de sucesso na retomada é a agilidade para aproveitar as janelas de demanda, puxadas pelo turismo de lazer, que larga na frente do corporativo. A vacinação acelerando no Brasil, avalia Alexandre Cavalcanti, diretor comercial da American no país, é uma grande notícia, o que pode sinalizar que a retirada da barreira dos EUA aos brasileiros esteja mais próxima:

— Há muita demanda reprimida. Em dezembro e fevereiro, quando, por um erro do sistema, vendemos passagens por um preço extremamente agressivo, houve um boom de vendas. O dólar caindo também ajuda, porque o brasileiro pode se programar.

Demanda reprimida

As brasileiras também apostam na demanda reprimida. Mas arriscam-se a ficar para trás na disputa de mercado com as rivais estrangeiras, que tiveram ajuda financeira de seus governos na pandemia e já tinham uma operação doméstica mais robusta.

Neste momento, a recomposição de voos internacionais pelas aéreas daqui é feita a conta-gotas, focada em destinos abertos aos brasileiros ou nos que, apesar de fechados a visitantes, têm fluxo de carga e de residentes. Mas uma súbita abertura também seria difícil.

A aérea, cuja controladora chilena está em processo de recuperação judicial nos EUA, avança no doméstico. Sempre em comparação a igual mês de 2019, a previsão é chegar a 63% da oferta em junho, com retomada completa até o fim do ano. No internacional, chegou a 11% da malha em maio e a 15% este mês.

A necessidade de aproveitar oportunidades acende o alerta em relação à posição do presidente Jair Bolsonaro contra o uso de um “passaporte de vacinação”, dizem especialistas, porque isso pode atrasar a volta das viagens pelos brasileiros.

Fora de cena na pandemia

Outro ponto é que, na pandemia, a Embratur, que promove o Brasil lá fora, ficou obrigada a atuar apenas no mercado nacional durante o estado de calamidade no país e nos seis meses seguintes ao seu fim.

Em julho, a agência voltará a fazer campanhas publicitárias em mercados estratégicos, como os que têm isenção de visto turístico para o Brasil (EUA, Japão, Austrália e Canadá) e o Mercosul. Terá ainda estande em cinco feiras internacionais do setor. Ao todo, diz ter R$ 100 milhões para promoção turística em 2021, sem especificar quanto será usado em campanhas internacionais.

A Embratur trabalha com a estimativa de que o turismo internacional, tanto no país como globalmente, só volte aos níveis de 2019 em 2024.

Em novembro a Gol retoma voos para Cancún e Punta Cana. Os demais destinos em América Latina e Caribe virão conforme definições sobre a entrada de brasileiros.“Neste mês de junho já estamos operando cerca de 300 voos diários e vamos ultrapassar 400 em julho, mostrando que a recuperação está bem acelerada também no mercado doméstico brasileiro”, informa a aérea.

A Azul também aposta em recuperação acelerada, mas admite que as barreiras sanitárias são obstáculo aos principais destinos procurados pelos brasileiros no pré-pandemia, como Flórida, Portugal e Argentina. A empresa opera um voo diário para a Flórida e cinco frequências semanais para Portugal. Antes da pandemia eram 11 voos por dia para sete destinos, ao todo.

A Azul avalia ainda que a valorização do dólar poderá ser “fator de impedimento ao turismo de lazer”. Em compensação, pode fortalecer o doméstico e atrair estrangeiros.

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