Companhia deve chegar a dezembro com dez aviões, metade do previsto no cronograma inicial
Fonte: Valor Econômico – 27/09/2021.
A Itapemirim Transportes Aéreos (Ita), braço de aviação comercial do grupo rodoviário Itapemirim, teve de dar um passo para trás no seu plano de negócios.
O grupo, que está em recuperação judicial, tem investido recursos próprios e é alvo de críticas de credores da companhia rodoviária. Antes, os executivos da Itapemirim afirmavam ter levantado US$ 500 milhões com dois fundos dos Emirados Árabes Unidos para a operação aérea. Mas o acordo foi desfeito e o dinheiro não está mais disponível.
A empresa aérea opera em 18 cidades e o plano é chegar em 22 até dezembro. Inicialmente, a empresa pretendia ter até o fim deste ano 20 aeronaves e em junho do ano que vem, 50. Até agora tem seis aeronaves, além de outras três previstas para chegar em outubro e uma em novembro, totalizando 10, todas da Airbus. O total representa metade do projetado no plano original.
“Se antes se levava um mês e meio para trazer uma aeronave, estamos agora demorando três meses”, disse o presidente da Ita, Adalberto Bogsan, ao Valor. “A gente pretende, no meio do ano que vem, estar voando para 35 destinos, isso independentemente de trazer os 50 aviões”, disse. A meta de 50 aviões, segundo ele, ficou para o fim de 2022.
O executivo destacou que o plano era ter iniciado a operação em março, mas com a pandemia, não foi possível trazer as aeronaves a tempo. Começou a voar em julho.
O grupo tem usado recursos próprios para manter a Ita. Meses antes do início da operação, em maio, o presidente do grupo, Sidnei Piva, informou, em entrevista ao Valor, que havia sido acordado um aporte de US$ 500 milhões de dois fundos dos Emirados Árabes na empresa aérea. Os nomes não formam divulgados na ocasião, mas segundo Piva a empresa já tinha usado 30% do recurso, que seria liberado gradualmente.
Questionado sobre o tema, Bogsan disse que o negócio não foi adiante. O custo do dinheiro teria ficado caro. Os valores que teriam sido repassados à empresa foram devolvidos. A Ita não deu mais detalhes sobre o caso.
Recurso em caixa é um tema delicado para o grupo Itapemirim. Em julho, três credores do processo de recuperação judical pediram o afastamento dos atuais administradores, inclusive Piva, alegando que a companhia de transporte rodoviário não estaria fazendo os pagamentos previstos no plano de recuperação. A Itapemirim nega irregularidades no pagamento. O tema ainda é alvo de discussão na Justiça.
A Ita teve problemas com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) por atrasos de pagamentos de salário e verbas rescisórias. Segundo Bogsan, o atraso decorreu de problemas técnicos com a mudança da folha de pagamento de um banco para outro, o que, acrescentou, foi corrigido.
A Ita transportou em agosto 79.529 clientes. Foram 721 voos realizados, número 70% superior ao atingido em julho, primeiro mês da operação comercial da Ita. A ocupação média foi de 70% – em julho, o porcentual estava perto de 55%.