Inicialmente, a tranche B foi projetada para receber ajuda de governos, que não veio
Fonte: Valor Econômico 13/09/2021.
Depois de atravessar a pandemia de covid-19 sem a ajuda de governos na América Latina, o Grupo Latam resolveu buscar financiadores para a Tranche B do financiamento na modalidade DIP (“debtor in possession”) dentro do seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. Inicialmente, a tranche B foi projetada para receber ajuda de governos onde a empresa opera, como no Brasil, mas o socorro acabou não chegando.
O DIP é uma forma de financiamento para garantir que a empresa em recuperação judicial tenha fluxo de caixa para operar. Os credores que emprestam esse recurso têm preferência no recebimento.
Na sexta-feira, o presidente do Grupo Latam, Roberto Alvo, disse que o plano agora é olhar propostas na Tranche B e avaliar se são melhores do que o captado na A e C. A Tranche B é de US$ 750 milhões, mas pode ser menor.
A empresa já tem linhas de US$ 1,3 bilhão na Tranche A e de US$ 1,15 bilhão na Tranche C financiados pela Oaktree, Knighthead, Qatar Airways e pelos grupos Cueto e Eblen. Os recursos não foram integralmente sacados.
Alvo disse não precisar de recurso novo no momento, mas pode vir a levantar dinheiro mais barato no mercado diante de um cenário considerado mais favorável. Por isso, o grupo passou a sondar interessados em compor a Tranche B.“
Temos capital para atravessar e não continuamos conversas para ajuda [com governos]. A empresa não precisa disso. A tranche vai ser oferecida ao mercado no geral”, disse. Segundo ele, não há mais conversas com o governo brasileiro para uma ajuda via BNDES. O modelo já discutido foi considerado caro pelo setor aéreo.
A principal pendência do Grupo Latam agora é o plano de recuperação a ser apresentado aos credores. O prazo venceria no dia 15, mas a empresa pediu pela quarta vez mais tempo ao Tribunal do Distrito Sul de Nova York, desta vez para 15 de outubro, com limite para aprovação até 15 de dezembro. A Justiça dará seu veredicto sobre a extensão em 23 de setembro.
Nos bastidores, a concorrente Azul tem aguardado a apresentação do plano de recuperação para fazer uma proposta aos credores do grupo no Chile e tentar comprar a operação da Latam Brasil. Na sexta-feira, Alvo reiterou que o grupo não venderá nenhuma unidade de negócio.