Rede mineira, com 94 lojas, avança sobre Cultura e Saraiva
Fonte: Valor Econômico – 28/06/2021.
A Livraria Leitura, de Belo Horizonte, planeja abrir neste ano 14 lojas, ante 8 em 2020, consolidando-se como maior rede de livrarias do país, com 94 unidades. A companhia também vai transferir três lojas para novos endereços. A Leitura avança em espaços deixados por concorrentes como Livraria Cultura e Saraiva, ambas atualmente em recuperação judicial.
O investimento previsto para o ano é mantido em sigilo pela companhia. Marcus Teles, sócio e presidente da Livraria Leitura, disse apenas que o investimento por loja varia de R$ 800 mil a R$ 2 milhões, para pontos de 300 m2 a 1,8 mil m2. Neste ano, a rede pretende abrir três megalojas, em Recife, Salvador e mais uma no Nordeste. As outras 11 serão de portes menores. Considerando a estimativa média de aportes, a Leitura deve investir de R$ 16 milhões a R$ 18 milhões na expansão e transferência de lojas.
“As negociações estão muito dinâmicas, algumas ainda estão em andamento. É difícil dar um número exato agora de investimento”. O executivo observou que as concorrentes Saraiva e Livraria Cultura fecharam quase 40 lojas neste ano, abrindo oportunidade para fazer a expansão da Leitura em shopping centers. “Vamos abrir três lojas nos mesmos espaços deixados por concorrentes. E pelo menos oito serão abertas nos shoppings de onde as concorrentes saíram, mas serão em espaços menores”.
A Leitura foi fundada em 1967 por Emídio Teles, irmão de Marcus, com uma pequena loja no centro da capital mineira, onde vendia livros novos e usados. A venda de usados ainda é feita em algumas lojas de Belo Horizonte. A Leitura é hoje controlada pelos irmãos Marcus, Emídio, Belmiro e Gervásio e três sobrinhos.
A expansão da rede tinha como foco cidades de médio porte e onde as grandes redes não estavam presentes. Mas, com a crise das maiores concorrentes a partir de 2019, a família Teles sentiu-se encorajada a avançar no Sudeste. A rede tem 18 lojas em São Paulo e espera abrir mais três neste ano. No Rio de Janeiro, são 11 lojas e mais uma será aberta em agosto. Em Minas Gerais são 26 unidades, sendo 14 em Belo Horizonte.
Enquanto Saraiva e Cultura fizeram a expansão de lojas com financiamento de terceiros, a Leitura faz a expansão com recursos próprios. Além disso, mais da metade das lojas tem o gerente como sócio minoritário. “Com o olhar do gerente, a gente trabalha muito perto dos clientes, define o estoque por loja, investe em títulos regionais”, disse Teles. Ele acrescentou que lojas que dão prejuízo por mais de dois anos seguidos são fechadas ou transferidas para endereços com custo menor.
A companhia é limitada e não divulga dados financeiros. Fontes do setor estimam que a receita anual da Leitura estaria na casa dos R$ 400 milhões.
Teles disse que, em 2020, por causa da pandemia, as vendas caíram cerca de 30% em receita, com venda de 5 milhões de títulos. Os livros representam 58% da receita. O restante vem das vendas de itens de papelaria, informática, jogos, brinquedos e utilidades domésticas. A previsão da companhia para 2021 é vender 6 milhões de livros, voltando ao nível de 2019.
As vendas no primeiro semestre deste ano crescem 30% em relação ao ano passado, segundo Teles. O desempenho está em linha com o mercado. Segundo dados da Associação Nacional de Livrarias e da GfK, de janeiro a abril, as vendas de livros cresceram 33% em volume em relação ao mesmo intervalo de 2020, chegando a 19 milhões de exemplares, e 22% em faturamento, para R$ 845 milhões.
“As livrarias encontraram caminhos na pandemia para recuperar as vendas. Ainda não sabemos se haverá uma terceira onda da pandemia, mas por enquanto a perspectiva é positiva”, disse Bernardo Gurbanov, presidente da ANL.